יהושע
1 ויהי אחרי מות משה עבד יהוה ויאמר יהוה אל־יהושע
בן־נון משרת משה לאמר׃
2 משה עבדי מת ועתה קום עבר את־הירדן הזה אתה וכל־העם
הזה אל־הארץ אשר אנכי נתן להם לבני ישראל׃
3 כל־מקום אשר תדרך כף־רגלכם בו לכם נתתיו כאשר דברתי אל־משה׃
4 מהמדבר והלבנון הזה ועד־הנהר הגדול נהר־פרת כל ארץ החתים
ועד־הים הגדול מבוא השמש יהיה גבולכם׃
5 לא־יתיצב איש לפניך כל ימי חייך כאשר הייתי עם־משה אהיה עמך
לא ארפך ולא אעזבך׃
6 חזק ואמץ כי אתה תנחיל את־העם הזה את־הארץ אשר־נשבעתי
לאבותם לתת להם׃
7 רק חזק ואמץ מאד לשמר לעשות ככל־התורה אשר צוך משה עבדי
אל־תסור ממנו ימין ושמאול למען תשכיל בכל אשר תלך׃
8 לא־ימוש ספר התורה הזה מפיך והגית בו יומם ולילה למען תשמר
לעשות ככל־הכתוב בו כי־אז תצליח את־דרכך ואז תשכיל׃
9 הלוא צויתיך חזק ואמץ אל־תערץ ואל־תחת כי עמך יהוה אלהיך
בכל אשר תלך׃ פ
10 ויצו יהושע את־שטרי העם לאמר׃
11 עברו בקרב המחנה וצוו את־העם לאמר הכינו לכם צידה כי בעוד
שלשת ימים אתם עברים את־הירדן הזה לבוא לרשת את־הארץ אשר יהוה אלהיכם נתן לכם
לרשתה׃ ס
12 ולראובני ולגדי ולחצי שבט המנשה אמר יהושע לאמר׃
13 זכור את־הדבר אשר צוה אתכם משה עבד־יהוה לאמר יהוה אלהיכם
מניח לכם ונתן לכם את־הארץ הזאת׃
14 נשיכם טפכם ומקניכם ישבו בארץ אשר נתן לכם משה בעבר הירדן
ואתם תעברו חמשים לפני אחיכם כל גבורי החיל ועזרתם אותם׃
15 עד אשר־יניח יהוה לאחיכם ככם וירשו גם־המה את־הארץ אשר־יהוה
אלהיכם נתן להם ושבתם לארץ ירשתכם וירשתם אותה אשר נתן לכם משה עבד יהוה בעבר
הירדן מזרח השמש׃
16 ויענו את־יהושע לאמר כל אשר־צויתנו נעשה ואל־כל־אשר תשלחנו
נלך׃
17 ככל אשר־שמענו אל־משה כן נשמע אליך רק יהיה יהוה אלהיך עמך
כאשר היה עם־משה׃
18 כל־איש אשר־ימרה את־פיך ולא־ישמע את־דבריך לכל אשר־תצונו
יומת רק חזק ואמץ׃ פ
[1]Kahle, Paul: Bíblia Hebraica (Códice Leningrado, Sem
Acentuação). Sociedade Bíblica do Brasil, 1937; 2007, S. Js 1:1-18
JOSUÉ;
JUÍZES; RUTE; 1 e 2 SAMUEL; 1 e 2 REIS; 1 e 2 CRÔNICAS; ESDRAS/NEEMIAS; ESTER.
INTRODUÇÃO AO: “ANTIGO
TESTAMENTO”.
(Livros Históricos):
A Bíblia em português é
organizada com base na Septuaginta (a tradução grega do AT). Dentro desse
arranjo, os livros do Josué a Ester são considerados livros históricos. A maior
parte desses livros pode ser divida em dois grupos:
1. A história deuteronômica: de
Josué a Reis (exceto Rute).
2. A história cronística:
Crônicas, Esdras e Neemias.
Esta forma de organização difere da ordem da Bíblia
hebraica, que chama a história deuteronômica de Profetas Anteriores e inclui
Esdras, Neemias e Crônicas nos “outros livros” dos Escritos. Rute e Ester se
destacam dessas duas histórias editadas tanto nas discussões acadêmicas modernas
quanto na Bíblia hebraica, onde são incluídas nos cinco Rolos. Tendo em vista
ser mais apropriado estudá-los separados dos outros livros, não trataremos
deles aqui (veja as suas respectivas introduções).
A história deuteronômica é assim chamada porque Deuteronômio
introduz a compilação. Embora as obras dessa história tenham sido escritas por
autores diferentes (veja a introdução a cada um dos livros), tudo indica que a
coleção foi editada de modo a formar uma unidade pouco depois de 562 a.C., a data
mais recente de Reis. Essa obra editorial tratou de uma crise de fé entre os
exilados de Judá que, na época, estavam vivendo no cativeiro babilônico sob o
domínio de Nabucodonosor. Eles tinham a impressão de que Yaohu havia se
esquecido das promessas que havia feito de uma terra eterna para Israel e um
trono permanente para Davi e seus descendentes.
A compilação posterior – Crônicas, Esdras e Neemias – foi
organizada como uma unidade para o povo de Judá que havia sido restaurado à
Terra Prometida depois do exílio na Babilônia. Embora estivessem de volta na
terra e de a linhagem de Davi ter sobrevivido, Judá era então apenas uma das
muitas províncias do império persa. Esses livros ofereceram esperança e
orientações práticas para essa comunidade de ex-cativos desanimados.
As duas compilações contêm relatos históricos verídicos
escritos por autores inspirados e finalizados subseqüentemente por editores
inspirados. Nem os autores nem os editores criaram os acontecimentos relatados
nesses livros. Eles citam às fontes (Js 10,13; 1Rs 11,41; 2Rs 16,19; 1Cr 4,22;
5,17; 2Cr 9,29; Ed 6,1.2) e seguem uma ordem cronológica rigorosa. Ao mesmo
tempo, fica evidente que os livros e as compilações foram escritos e
organizados com propósitos teológicos, e não apenas para preservar um registro
histórico.
A história deuteronômica
(Josué, Juízes, Samuel e Reis)
Unidade literária. A junção de Josué com Deuteronômio é
especialmente convincente. As promessas e exortações de YHWH no início de Josué
(1,1-9), por exemplo, consistem inteiramente de expressões dos discursos de
Moisés em Deuteronômio, Js 1,2 corresponde a Dt 10,13; Js 1,3-5a é
praticamente uma citação de Dt 11,23-25; Js 1,5b -7a e 9 repete, em grande
parte, Dt 31,6-8 e 23; Js 1,7b-8 faz lembrar uma série de textos em
Deuteronômio que identificam esse livro como “Livro da Lei” e enfatizam a
importância da meditação e da obediência (Dt 5,32-33; 17,18-19; 30,10).
Juízes também possuí ligações com Josué. Depois da
introdução de Juízes (1,2 – 2, 5), o corpo do livro (2,6 – 16,31) é apresentado
com uma referência a Josué (Jz 2,6-10). Além disso, todos os episódios e seções
de Juízes empregam repetições verbais, paralelos históricos e citações de
Josué.
Samuel, por sua vez, é relacionado a Juízes, um livro que
prepara o seu público para a instituição da monarquia davídica levantando a
questão da liderança apropriada e afirmando energicamente que Yaohu escolheu
Judá, e não Benjamim, para liderar a sua nação. Samuel registra o fracasso da
monarquia benjamita representada por Saul e a instituição bem-sucedida da
monarquia judaica, representada por Davi. Até mesmo o refrão de Juízes –
“naqueles dias, não havia rei em Israel” – pode ser aplicado aos primeiros
capítulos de 1 Samuel antes do reinado de Saul. Por fim, a síntese que Samuel
faz da história dos juízes (lSm 12,9-11) parece uma aplicação da síntese do
editor dessa mesma história (Jz 2,6-19).
Reis é estreitamente relacionado a Samuel e alguns
estudiosos acreditam que haja uma fonte comum por trás da passagem que se estende
de 2Sm 9 – 20 a 1Rs 2. Nesses capítulos, pode-se observar uma narrativa que
discorre, entre outros assuntos, sobre a sucessão do trono de Davi, começando
com o nascimento de Salomão e culminando com a sua coroação.
Unidade temática. A fim de tratar da crise de fé dos
exilados, vários temas enfatizados em Deuteronômio aparecem ao longo do
restante da história deuteronômica.
Em primeiro lugar, Deuteronômio lança um alicerce firme para
ofício profético e apresenta o teste do verdadeiro profeta, ou seja, o
cumprimento de suas palavras (Dt 18,14-22). O ofício específico de profeta é
instituído em 1Sm 9. Como foi observado acima, a tradição judaica se
impressionou de tal modo com o papel dos profetas na história deuteronômica que
a chamou de Profetas Anteriores. Além disso, os livros dessa história
são ligados por vários elementos proféticos. Por exemplo, a profecia de Josué
segundo a qual quem tentasse reconstruir a cidade de Jericó perderia o seu
primogênito (Js 6,26) é cumprida em 1Rs 16,34. Salomão interpreta o seu reinado
e a construção do templo (1Rs 8,20) como cumprimento das promessas de YHWH a
Davi (2Sm 7,12-13). Reis reafirma para os exilados a veracidade das palavras
proféticas de que Yahu daria ao seu povo uma terra e um trono eternos.
Em segundo lugar, o conceito de “aliança”, tão importante em
Deuteronômio, também norteia toda essa história. Do lado divino, o enfoque é
sobre a promessa. Yaohu jurou aos patriarcas e seus descendentes que seria o
seu Deus – Yahu e jamais os abandonaria (Dt 4,31; 29,12-13; Js 1,6; Jz 2,1;
2Rs 13,23). Em seu amor inescrutável, Yahu escolheu Israel e assumiu o
compromisso de lhes dar a terra que havia prometido aos patriarcas. Essa
promessa, repetida cerca de trinta vezes em Deuteronômio (p. ex., Dt 1,8;
34,4), é lembrada no restante da história (p. ex., Js 1,2; 24,13; Jz 1,2; 1Rs
4,21; 8,34). Do lado humano, o enfoque é sobre a confiança e a obediência. O
relato histórico declara repetidamente que a posse da terra depende da
fidelidade de Israel à aliança. As promessas de Yaohu e as obrigações de Israel
fazem parte dos sermões de heróis como Moisés (Dt 1 – 4; 5 – 11; 27 – 28),
Josué (Js 24,1-27). Samuel (1Sm 12) e Davi (1Rs 2,1-4). YHWH anuncia claramente
a Salomão as condições para o seu reinado (1Rs 9,1-9).
As obrigações de Israel se concentram nas duas
prescrições iniciais dos Dez Mandamentos: Não adorar a outros deuses e não
fazer ídolos para si. Ou, na linguagem desse relato histórico, “amar”. “temer”
a YHWH, “andar perante” ele ou “segui-lo” e “não esquece-lo” (Dt 6,5; Js 1,7-8;
24,14-15; Jz 2,6-10; 1Sm 12,20.24; 1Rs 2,4; 3,6; 8,23-25; 11,4-5). Essa
ordem é, fundamentalmente, uma questão de fé, e não de obediência
rigorosa a um código externo. Por exemplo, as prescrições específicas,
como a ordem para adorar apenas em Jerusalém, não visavam alimentar um
legalismo burocrático, mas evitar a tentação da idolatria. Essa história se
preocupa mais com a fidelidade a Yaohu do que com as prescrições individuais. A
desobediência a essas prescrições indicava um problema mais amplo, ou seja, a
infidelidade a Yahu. O relacionamento era constituído da eleição de Israel por
Yahu e dois atos salvíficos da graça divina em favor do seu povo. A
confiança em Yaohu era proveniente da ligação que Yaohu já havia estabelecido
com Israel Js 1 mostra essa ligação. YHWH havia assumido um compromisso com
Israel e lhe entregado a terra para que os israelitas se apropriassem dela.
Para isso, precisavam apenas confiar nele (Js 1,1-9). Por outro lado, se
não confiassem em Yaohu e se desobedecessem ao mandamento de amá-lo e não
adorar outros deuses seriam considerados culpados e sofreriam o julgamento (Dt
28; Js 24,19-20; Jz 2,10-15; 1Sm 12,5-15; 2Rs 17,7-20). A pergunta-chave
levantada pelos exilados na Babilônia é articulada em Dt 29,24 e 1Rs 9,8: “Por
que precedeu YHWH assim com esta terra e esta casa?”. Esse relato histórico
responde de modo inequívoco: “Não foi Yahu que falhou, mas sim,
Israel”. Mas, ainda, as promessas de Yahu são eternas (Dt
30,1-9; Jz 2,1; 1Sm 12,22; 2Sm 7,16).
Em terceiro lugar, Deuteronômio também lança um alicerce
firme para a monarquia e suas prescrições (Dt 17,14-20). Apesar da infidelidade
do povo, Yaohu misericordioso e fiel de Israel é uma fonte inesgotável de
bênção (Dt 9,4-6). Apesar do pecado de Israel, Yahu compassivo toma nova
iniciativa e levanta líderes em tempos de crise: Josué, os juízes, Saul e
por fim, a casa de Davi. Sua aliança com a casa de Davi, como todas as
alianças com Israel, representa inevitavelmente um avanço do reino de Yahu,
mas estabelece condições que regulam a participação nesse reino. Yahu
continuará a levantar um “filho” da casa de Davi, mas disciplinará os
infiéis (2Sm 7,14-16). A história termina com Joaquim, um dos reis infiéis,
no exílio, não obstante, ele é elevado a um lugar de honra entre os reis
cativos da Babilônia. Essa pequena chama de esperança não se apagará, mas se
tornará cada vez mais reluzente até a vinda do mais exaltado Filho de
Davi, o verdadeiro Filho de Yahu – Cristo.
Por fim, nesse relato o histórico, o tema do arrependimento
se baseia nas promessas eternas de Yaohu (Dt 4,29-31; Js 7; Jz 2,18; 2Sm 12,13;
1Rs 8,46-51). A esperança de alívio do julgamento e até mesmo de volta às
bênçãos de Yaohu uma vez que o julgamento do exílio tivesse ocorrido, é uma
expressão de arrependimento (Dt 30,1-10; 1Rs 8,58). Assim, João Batista e
Cristo ofereceram o reino de Yaohu a todos que se arrependessem (Mt 3,2; 4,17;
Mc 1,15).
A história cronística
(Crônicas, Esdras e Neemias)
Como observado na introdução a Esdras, Esdras-Neemias
era, originalmente, um só livro. Crônicas e Esdras-Neemias são ligados como
conjunto literário pelo uso da conclusão de Crônicas na introdução de
Esdras-Neemias (2Cr 36,22-23; Ed 1,1-3). Além disso, as duas obras apresentam
os mesmos interesses religiosos e ideologia. Descrevem, por exemplo, os
preparativos para a construção do primeiro e do segundo templo de modos
paralelos (1Cr 22,2.4.15; 2Cr 2,9.15-16; Ed 3,7), mostrando que ambos foram
edificados com recursos doados por chefes de famílias antigas (1Cr 26,26; Ed
2,68). Os dois livros demonstram grande interesse pelos utensílios sagrados
(1Cr 28,13-19; 2Cr 5,1; Ed 1,7; 7,19; 8,25-30.33-34); e apresentam a ordem dos
sacrifícios (2Cr 2,4; 8,13; Ed 3,4-6) e a enumeração dos elementos sacrificais
(1Cr 29,21; 2Cr 29,21.32; Ed 6,9.17; 7,17.22; 8,35-36) de maneiras praticamente
idênticas. Assim como a história deuteronômica é constituída de livros
distintos, organizados de modo a formarem uma só história, esse relato
histórico pós-exílio também é formado pela união de obras díspares.
Esse conjunto posterior de obras abrange boa parte do
conteúdo da história deuteronômica, mas continua além do ponto em que esta
termina de modo a incluir a constituição de Israel depois do exílio. Enquanto o
primeiro conjunto é baseado principalmente em Deuteronômio, essa história se
baseia em todo o Pentateuco, voltando até Adão. No entanto, o seu eixo central
é a história de Israel no período entre o primeiro e o segundo templo, sendo
que este último é prenunciado nos últimos versículos de Crônicas e descrito em
detalhes em Ed 1 – 6.
Crônicas, Esdras e Neemias foram escritos para encorajar os
ex-cativos desanimados depois do exílio. Esses livros lembram o povo de sua
herança gloriosa na dinastia davídica e no templo. A História ensinou àqueles
que voltaram do exílio que deviam guardar a aliança e se arrepender dos seus
pecados (2Cr 7,14). Não obstante, não se concentrou no fracasso; antes, mostrou
a grandeza da dinastia de Davi e a glória do templo. Davi é retratado como
fundador do programa litúrgico de Israel, e os reis que restauraram a liturgia
depois de períodos sombrios de desordem e negligência recebem destaque:
Ezequias depois de Acaz e Josias depois de Manassés e Amom servem de modelos
para os judeus que sobreviveram ao caos do exílio na Babilônia. Seguindo essas
ênfases, o Novo Testamento apresenta Cristo como herdeiro legítimo e perfeito
da aliança de Davi (Mt 1,1; 22,42; Lc 1,31-33) e Aquele em quem o templo é
cumprido (Jo 2,19-22; Ap 21,22). §. (Complemento).
§ VIDE OBS. NAS PÁGINAS: 300 à 306.
§
“SOBE A PALAVRA” {CRISTO} – VEJA O TERMO CORRETO NAS PÁGINAS DE Nº 174,
175 DE ISAÍAS. [CHRISTÓS – “O UNGIDO”]. Anselmo Estevan.
Veja, também, nas páginas: 205 – 207 – O TERMO CRISTÃO,
E O TERMO REMANESCENTE – ACOMPANHADO DE “DANIEL” E “OSEIAS”...!!!
INTRODUÇÃO AO LIVRO DE:
JOSUÉ
INTRODUÇÃO
Visão
Geral
Autor: Desconhecido.
Propósito: Apresentar o cumprimento das promessas de Yahu
nos dias de Josué e ensinar às gerações futuras de Israel como servir ao YHWH –
nas batalhas, na distribuição da Terra Prometida entre as tribos e na renovação
de sua aliança com Yahu.
Data: c.1000-561 a.C.
Verdades fundamentais:
Por
intermédio de Josué, Yahu abençoou Israel com muitas vitórias na Terra
Prometida, mas ainda havia inúmeras batalhas a serem travadas.
Por
intermédio de Josué, Yahu distribuiu a terra do modo em que deveria ser
mantida no futuro.
A
renovação da aliança realizada nos dias de Josué serve de modelo para a
renovação em gerações futuras.
Propósito
e características
A principal idéia teológica do
livro de Josué é que, assim como Israel devia servir a YHWH sob a liderança de
Josué com gratidão por Yahu haver cumprido as suas promessas, também os
leitores deviam continuar a servir com gratidão diante do cumprimento das
promessas divinas.
Cristo
em Josué.
O
livro de Josué aponta para Cristo de várias maneiras. Do mesmo modo que a
primeira parte do livro apresenta Josué como um guerreiro liderando a conquista
de Canaã, o Novo Testamento fala de Cristo como o grande Guerreiro que conduz o
seu povo a tomar posse dos novos céus e da nova terra. O que Josué apenas
começou, Cristo cumpriu na sua primeira vinda ao derrotar Satanás
(Ef 4,8-9; Cl 2,15; Hb 2,14-15), continua a cumprir na guerra santa espiritual
que a Igreja enfrenta (At 15,15-17; Ef 6,10-18) e cumprirá de modo definitivo
na sua segunda vinda (Ap 19,11-21; 21,1-5).
Assim como a segunda parte do livro mostra a divisão da
herança de Israel entre todas as tribos segundo Yahu havia determinado, o Novo
Testamento explica que Cristo dá ao seu povo a herança que lhe cabe. Em sua
ressurreição e ascensão, Cristo recebeu muitas bênçãos de Yahu, bênçãos estas
que ele distribui ao seu povo por meio dos dons do Espírito (Ef 4,4-13). Assim,
o Espírito é o penhor que garante a nossa herança vindoura (Ef 1,13-14). Quando
Cristo voltar em glória, concederá ao seu povo a herança plena e eterna que
consistirá em reinar com ele para sempre sobre os novos céus e a nova terra (Ap
5,10; 22,5).
Do mesmo modo que a terceira parte do livro se concentra
na necessidade de uma vida fiel à aliança, o Novo Testamento ensina que Cristo
preencheu todos os requisitos da aliança para aqueles que crêem
nele, tornando-se justiça de Yahu (2Co 5,21). Cristo cumpriu
perfeitamente toda a lei santa de Yahu e sua justiça é imputada àqueles que
crêem (Rm 3,21-24; 4,3-13; Gl 2,16). Ao mesmo tempo, porém, a vida em
aliança com Yahu continua a ser um período de teste, pois provamos a fé que
professamos ao conformar a nossa vida aos requisitos da aliança de Yahu
conosco (Mt 24,12-14; Fp 2,12-13; Hb 3,14; 10,15-39; Ap 2,7.11.17.26.28.;
3,21).
JOSUÉ: Seguindo-se ao Pentateuco, o livro de Josué
inicia a narrativa de uma etapa – e não a menor – da história de Israel.
Conforme a tradição judaica, ele faz parte do grupo dos “Profetas anteriores”
(Josué, Juízes, Samuel e Reis).
O Livro de Josué pode facilmente ser dividido em duas
partes, seguidas de três conclusões (caps. 22; 23 e 24).
1. A conquista da terra prometida (1 – 12). Após um capítulo
de introdução (1), Josué envia espiões a Jericó; eles são acolhidos com
hospitalidade por Rahab. Os israelitas atravessam o Jordão e acampam em Guilgal
(3-4), onde se efetua uma circuncisão e uma primeira celebração da Páscoa em
terra canaanita (5). Na Palestina central, a conquista principia com a tomada de
Jericó (6), depois com a de Ai (8), no decorrer da qual é descoberto o pecado
de Akan (7). A seguir, Josué faz uma aliança com os guibeonitas (9), e isto
provoca uma coalizão dirigida pelo rei de Jerusalém contra Israel, resultando
na batalha de Guibeon (10). Na Palestina do norte, Israel tem de enfrentar uma
nova coalizão dirigida pelo rei de Hasor, cuja cidade foi incendiada pelos
israelitas (11). No cap. 12, um quadro recapitula a lista das cidades
conquistadas.
2. A
repartição territorial entre as doze tribos (13 – 19), à qual se pode, juntar
as enumerações das cidades de refúgio (20) e das cidades levíticas (21).
3.
Conclusões: as tribos transjordanianas que participaram da conquista (1,12-16)
são remetidas por Josué para seu patrimônio além do Jordão (22,1-6). Nesta
primeira conclusão, enxerta-se o episódio da construção de um altar por estas
tribos, ocasião de um pacto solene entre as doze tribos (22,7-34).
O cap. 23 constitui o testamento de Josué, sucessor de
Moisés.
O cap. 24 nos apresenta, em aparente paralelismo com o
precedente, a aliança firmada por Josué em Siquém.
Deste rápido resumo depreende-se que um só personagem domina
o conjunto das narrativas: Josué, filho de Nun, pertencente à tribo de Efraim
(Nm 13,8.16). O seu nome é, por si só, todo um programa. Josué significa: “O
YHWH salva”. Narra uma tradição bíblica que Moisés lhe mudou o nome de Hoshea
(Oséias) para Iehoshua (Josué); [AQUI, O NOME DE CRISTO QUANDO
TRANSLITERADO PARA “j” =JESUS SENDO ERRADAMENTE CHAMADO. POR ISSO YHWH
– SALVA. OU SEJA, “IEOSHUA” – SALVA = Josué CRISTO.], [Anselmo Estevan],
(Nm 13,16), definindo-lhe um novo destino.
Outras personagens bíblicas também receberam este nome que,
na época do Novo Testamento, RESULTOU EM “JESUS” – PALAVRAS DO
AUTOR - para um judeu de língua grega (cf. Hb 4,8). Para os primeiros
cristãos, isto facilitaria a aproximação entre a atividade de Jesus como
salvador e a de Josué como condutor do povo rumo à terra do repouso. (Página
323 - da Bíblia tradição ecumênica TCB – edições: Loyola. {SÓ QUE NO YHWH –
A TRANSLITERAÇÃO ESTÀ COMO SENHOR = YAHWEH = FORMA ERRADA – SENDO SENHOR =
BAAL. Anselmo Estevan}).
No Pentateuco, Josué vive à “sombra” de Moisés: com ele
sobe à montanha de Yaohu, segundo Êx 24,13; vela pela Tenda do Encontro (Êx
33,11); por vezes, desempenha um papel militar de destaque (Êx 17,8-16). Ao
saber que não atravessaria o Jordão para conduzir o povo à Terra Prometida,
Moisés confiou esta missão a Josué (Nm 27,18-23; Dt 31,7-8).
O Livro de Josué não pode ser lido com um registro que
referisse ponto por ponto as etapas da conquista e instalação de Israel em
Canaã. Sem dúvida, a crítica moderna cada vez mais reconhece o valor das
tradições em que ele se funda. Mas, entre os acontecimentos que ele refere (fim
do século XIII) e a data da redação final do livro, medeiam vários séculos. Por
outro lado, a imagem – que este documento propõe – de uma conquista total de
Canaã pelo conjunto da liga das tribos não resiste à crítica histórica. Canaã
só foi efetivamente conquistada no tempo de Davi (século X). Antes disso, como
o próprio livro repetidas vezes sugere, os canaanitas, ao invés de serem todos
exterminados, mantiveram-se nas planícies e não raro houve coexistência entre
eles e os israelitas (cf. 15,63; 16,10; 17,12.18). Por ocasião da morte de
Josué, somos informados de que um amplo território ainda ficava por conquistar,
embora já houvesse sido repartido pelas tribos (13 – 23).
Qual a perspectiva em que se deve ler este livro? Como é que
ele, aos poucos, se formou? Uma leitura atenta mostra que, em Js 2 – 10,
estamos diante de tradições particulares das tribos de Benjamim e Efraim, ou
seja, unicamente das tribos do centro, vinculadas ao santuário de Guilgal e
mesmo ao de Betel. Este primeiro conjunto foi compilado no fim do século X. A
esta altura, Josué conduzia todo o povo, entidade maldefinida no livro, mas que
de fato representa os guerreiros de algumas tribos que participaram da saída do
Egito. Todavia, bem mais que ao aspecto militar – que não deixa de ter
importância -, deve-se ser sensível à dimensão cultual e à apresentação
litúrgica dos materiais. A travessia do Jordão (3 – 4) com a presença da Arca,
réplica da travessia do mar dos Juncos, constitui uma entrada processional na
Terra Prometida. Em Js 5, a menção à circuncisão seguida da primeira Páscoa
celebrada com os produtos da região representa uma seqüência eminentemente
litúrgica.
Nesta base, uma releitura foi feita por um redator
pertencente à escola que produziu o Deuteronômio e que nele se baseou para
meditar a história passada de Israel à luz das experiências recentes (séculos
VII – VI). Esta meditação é particularmente perceptível nos grandes discursos
dos caps. 1 e 23, sem contar inúmeros retoques com relação à obra anterior. A
conquista é apresentada como obra de “todo Israel” (cf. 10,28-39). A menção
reiterada às tribos transjordanianas frisa o propósito de manter a unidade do
povo numa época em que ela estava em perigo (cf. 1,12-16; 12,1-6; 13,8-32;
22,1-6).
Paralelamente, exprime-se uma preocupação muito viva com a
fidelidade de Israel ao seu Deus – Yaohu, que a convivência com as demais
nações pode comprometer a todo momento; pois a Aliança supõe um compromisso
incondicional. Só nesta perspectiva é que se torna compreensível a insistência
no extermínio dos povos que habitam Canaã e na necessidade de vota-los ao
interdito (6,17.21; 11,12.14). Esta medida, que, a uma simples leitura das
narrativas, poderia nos chocar, é mais teórica do que real. Ela foi
imaginada posteriormente, por causa da experiência do perigo de idolatria, do
qual Israel não escapou.
Mais positivamente, o interesse dos redatores tem em mira a
terra que Yaohu prometeu aos antepassados do povo. Por isso, a segunda parte do
livro (13 – 19), muito menos influenciada pelo trabalho deuteronomista,
comporta uma demarcação de fronteiras e listas de cidades para cada uma das
doze tribos de Israel. Temos aí documentos muito preciosos sobre a divisão
tradicional da terra entre os membros da liga israelita. Alguns deles podem
remontar ao período que precede a realeza de Davi, mas não se podem excluir
complementos mais tardios, em função da respectiva evolução da situação em Judá
e Israel durante o período monárquico.
Além da redação deuteronômica, pode-se reconhecer na
elaboração do Livro de Josué uma influência dos meios sacerdotais. Em certos
capítulos, o papel do sacerdote Eleazar ou do seu filho Pinhas chega a
suplantar o de Josué (14,1; 19,51; 21,1; 30,32), e a maioria desses relatos
está vinculada ao santuário de Shilô.
Se levarmos em conta esse extenso trabalho redacional,
teremos uma noção mais exata daquilo que, do ponto de vista histórico, se deve
esperar do Livro de Josué. Não há dúvida de que a apresentação da conquista sob
a guia exclusiva de Josué procede de uma sistematização que não nos deve
impedir de perceber a complexidade dos fatos. Por exemplo, nada se diz da
conquista de Betel, que, entretanto é referida em Jz 1,22-26. A tomada de
Siquém não aparece em nenhum relato, sinal provável de que houve uma instalação
pacífica, por um acordo com os habitantes desta cidade. A conquista de Hebron e
Debir é atribuída a Josué (Js 10,36-39), ao passo que ficamos sabendo em outro
lugar que o verdadeiro conquistador de Hebron foi Daleb, e o de Debir, Otniel
(15,13-14; 15,17 e Jz 1,11-13).
Para restabelecer a verdade histórica deste período,
freqüentemente se invocou o testemunho da arqueologia. De fato, as escavações
empreendidas em cidades antigas não raro atestam violentas destruições,
ocorridas na passagem da Idade do Bronze Recente – que termina por volta de
1200 – para a Idade do Ferro. Já que a entrada dos israelitas em Canaã é dotada
por volta de 1230, houve a tentação de atribuir a eles essas destruições. Mas
não se podem descartar, por um lado, rivalidades entre as cidades-estados canaanitas,
por outro, a presença nesta época de invasores de outra origem. O argumento
arqueológico perde então sua força. Todavia, uma cidade como Hasor, cuja
destruição é situada pelos arqueólogos no fim do século XIII, pode efetivamente
ter sido incendiada pelos israelitas, conforme atesta Js 11,10-11. No caso de
Jericó, os indícios arqueológicos revelaram-se decepcionantes quanto a este
período, e a narrativa de Js 6 tem mais a aparência de uma liturgia guerreira
do que um relato circunstanciado do cerco contra a cidade. Não se pode deixar
de admitir que o texto bíblico nem sempre dá resposta às perguntas que nós lhe
fazemos.
Muito mais do que Josué, a personagem central do livro é a
Terra Prometida. O que era objeto da promessa no Pentateuco encontra aqui cumprimento.
Por isso, houve quem chegasse a falar de um Hexateuco, acrescentando Josué ao
Pentateuco. A Terra é o lugar da fidelidade de Yaohu para com seu povo e do
povo para com seu Deus – Yaohu. Penhor da aliança entre Yaohu e Israel, ela não
é um símbolo inanimado, mas um convite vivo e insistente ao homem de assumir a
realidade criada para santifica-la. A ocupação de Canaã e sua divisão cadastral
entre os filhos de Israel cumprem a promessa patriarcal renovada por Yaohu a
Moisés. Não devemos nos deter ante a aridez das enumerações topográficas, mas
partilhar a alegria do redator que pormenoriza a herança dada por Yaohu às
tribos.
O Livro de Josué afirma que a Terra é simultaneamente dom e
constante objeto de conquista. Há nisto uma nunca resolvida tensão entre o
presente e o futuro, constitutiva da existência do povo de Yaohu.
VAMOS AS
PRINCIPAIS PERSONAGENS DE JOSUÉ:
JOSUÉ
Pontos fortes e êxitos:
Assistente e sucessor de Moisés.
Um dos dois com mais de 20 anos de idade que saíram do Egito
e viveram para entrar na Terra Prometida.
Guiou os israelitas para entrarem na terra que Yaohu lhes
prometera.
Brilhante estrategista militar.
Tinha fé para pedir a Yaohu orientação nos desafios que
enfrentava.
Lições de vida:
A liderança efetiva costuma ser produto da boa
preparação e encorajamento.
As pessoas nas quais nos espelhamos exercerão influência
sobre nós.
A pessoa comprometida com Yaohu nos proporciona o melhor
exemplo.
Informações essenciais:
Localidades: Egito, o deserto do Sinai e Canaã (a
Terra Prometida).
Ocupações: Assistente especial de Moisés, guerreiro e líder.
Familiares: Pai – Num.
Contemporâneos: Moisés, Calébe, Miriã e Arão.
Versículos-chave: “E fez Moisés como YHWH lhe
ordenara; porque tomou a Josué e apresentou-o perante Eleazar, o sacerdote, e
perante toda a congregação; e sobre ele pôs as mãos e lhe deu mandamentos, como
YHWH ordenara pela mão de Moisés” (Nm 27,22.23).
Josué é também mencionado em Êxodo 17,9-14; 24,13; 32,17;
33,11; Números 11,28; 13; 14; 26,65; 27,18-23; 32,11.12.28; 34,17; Deuteronômio
1,38; 3,21.28; 31,3.7.14.23; 34,9; e todo o livro de Josué; Juízes 2,6-9 e 1
Reis 16,34.
RAABE
Pontos fortes e êxitos:
Mãe de Boaz, e também ancestral de Davi e Cristo (Mt
1,5).
Uma das duas únicas mulheres citadas na galeria dos heróis
da fé em Hebreus 11.
Habilidosa, disposta a ajudar as outras pessoas a qualquer
custo para si própria.
Fraquezas e erros:
Foi uma prostituta.
Lições de vida:
Não permitiu que o medo afetasse sua fé na confiança
de ser salva por Yaohu.
Informações essenciais:
Local: Jericó.
Ocupações: Prostituta/hospedeira, mais tarde tornou-se
esposa.
Familiares: Esposo – Salmom; filho – Boaz.
Contemporâneo: Josué.
Versículo-chave: “Pela fé, Raabe a meretriz, não pereceu com os
incrédulos, acolhendo em paz os espias” (Hb 11,31).
A história de Raabe encontra-se em Josué 2 e 6,22.23. Ela
também é mencionada em Mateus 1,5; Hebreus 11,31 e Tiago 2,25.
Nenhum comentário:
Postar um comentário